Paciência e tolerância são indispensáveis
para quem educa. Lidar com os conflitos que aparecem no cotidiano
escolar não é fácil: nem sempre professores e alunos conseguem encontrar
o equilíbrio entre negociar e ceder. Para se sair bem nessas situações,
é necessário ser firme nos posicionamentos, mas permitir que os alunos
participem das soluções dos problemas. Nesse cenário, cultivar o diálogo
é fundamental.
Mas… O diálogo não surge do nada! É preciso criar um ambiente escolar favorável para que ele apareça e cresça.
Sabemos que é com o diálogo que as crianças aprendem a defender seus
pontos de vista, ouvir e considerar o do outro e reformular suas
convicções. Dialogar não é uma habilidade inata, é construída a longo
prazo. Portanto, é importante que os alunos tenham a oportunidade de
participar com frequência de situações em que o diálogo acontece para
que aprendam.
O caminho em direção a uma escola democrática é longo. No nosso dia a
dia, nós tentamos sempre atuar considerando a importância do diálogo,
mas essa não é uma tarefa nada fácil. Por outro lado, a escola é um
ambiente que favorece esse tipo de situação, pois a convivência entre
pares acontece o tempo todo, e a própria forma de organização em grupos,
com interesses e possibilidades de relacionamentos
muito próximos, contribui para que os conflitos surjam. Essas são
excelentes situações para se estimular o diálogo entre os alunos,
mediados pelo professor, que tem como objetivo ensinar a argumentar e a
respeitar o outro, ouvir os colegas, formular e reformular argumentos.
Numa escola que dá os primeiros passos em direção ao diálogo, deve
haver a mediação de um adulto que garanta a todos o direito de expressar
seus pontos de vista sobre o ocorrido. É o começo de uma cultura que
deve ser permanente: o exercício do diálogo não pode acontecer apenas quando houver atrito, mas deve ser um trabalho sistemático e contínuo.
Uma boa estratégia é reservar um momento semanal para discussões de
temas trazidos pelos alunos como “amigos que não deixam os outros
entrarem na brincadeira”, “amigos que pegam as coisas dos outros sem
pedir”, “quem dá apelidos”, entre outros. Esse espaço pode ser dado em
assembleias, rodas de conversa ou discussões sobre histórias e filmes
(na próxima semana, falaremos sobre a montagem de uma assembleia).
Com o passar do tempo, você vai notar que os alunos se apropriam
dessa maneira de resolver conflitos e a mediação se torna menos
necessária. Por outro lado, eles passam a pedir voz para interferir
também nas questões institucionais da escola: logo aparecem mais
reclamações sobre regras, notas, atitudes dos professores…
Nesses casos, a dica é não se desesperar. Isso é natural e faz parte da aprendizagem das crianças e da equipe. Professores,
funcionários e gestores precisam ouvir os estudantes, esclarecer as
decisões da escola e, quando necessário, reconhecer que eles têm razão e
ceder. Afinal, não faz sentido cultivar o diálogo se você não
estiver disposto a dialogar, ainda mais quando sabemos que esse processo
é fundamental para a constituição da personalidade moral e política de
nossos futuros cidadãos.
No seu ambiente de trabalho, como são resolvidos os conflitos? E como
é a participação dos alunos no dia a dia da escola? Há espaço para que
eles exponham suas opiniões? Quais situações vocês costumam enfrentar?
Compartilhem suas experiências nos comentários.
Boa semana, educador. Boa semana, educadora!
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