sábado, 27 de julho de 2013

As danças típicas da Região Norte.

DANÇA DO MAÇARICO
A dança do Maçarico é mais um dos folguedos típicos do povo brasileiro, praticado com maior expressividade na região Norte do Brasil. Segundo os folcloristas, o local de origem dessa dança é o município paraense de Cametá.
Assim como em outras festividades folclóricas da região Norte, a dança do Maçarico reflete a relação estreita entre os componentes da floresta e as práticas culturais. Seu nome faz menção a uma ave muito comum no Pará, o maçarico. Os passos da dança sugerem semelhanças com o caminhar do pássaro, que usa as pernas compridas e desproporcionais ao corpo para correr com muita rapidez.
Ainda que concebida no Brasil, a dança do Maçarico revela também a influência portuguesa nas práticas culturais desse país; alguns de seus passos lembram danças dos salões da Corte de Portugal.
Sua origem data do final da escravidão, quando começou a ser praticada por caboclos e negros que cantavam os versos imitando as danças lusitanas (portuguesas).
Assim, pode-se afirmar que essa dança é representante do caldeirão cultural brasileiro, constituído através das influências culturais dos colonizadores portugueses, dos grupos indígenas originais e dos negros africanos. Ao mesmo tempo, a dança do Maçarico revela, com clareza, a influência das condições presentes no meio natural na cultura de um povo. A realidade local foi incorporada à manifestação, tornando-a singular, possuidora de características próprias. Tais condições levaram à constituição de uma prática cultual única, fruto da associação entre o movimento de um elemento natural e fatores histórico-sociais.
Apresentada em grupos de casais, seus versos são cantados pelos próprios dançantes, geralmente puxados pelas mulheres. Tendo como referência o cadenciar da música, a coreografia segue exatamente o que diz a letra no momento do coro; os passos variam de pequenos saltos a passadas que acontecem de forma acelerada, composta, ainda, por movimentos de danças portuguesas.
Os instrumentos musicais e as vestimentas utilizadas nessa dança são semelhantes a muitas outras práticas culturais do estado do Pará e da região Norte do Brasil, como, por exemplo, o Carimbó. Variando muito, o figurino parece não seguir uma regra geral, o que se vê são saias e blusas bem coloridas dando leveza e movimento ao sacolejar das roupas, bem ao estilo nortista ritmado pelos tambores, xique-xiques, rabecas, violões, entre outros instrumentos. Ainda que a beleza do figurino seja relevante para as apresentações, o mais importante é que as roupas garantam a leveza, a rapidez exigida pelos movimentos e passos da dança, afirmando, assim, a semelhança com a ave maçarico.
A dança do Maçarico não está ligada a uma prática religiosa ou a uma data comemorativa específica. Sua prática ocorre em diferentes espaços e em qualquer época do ano. Sua finalidade é o entretenimento e o divertimento daqueles que dançam.

Essa dança é praticada por diversos grupos folclóricos. A ação desses grupos é responsável pela manutenção da prática cultural, bem como pelo seu reconhecimento pelos grupos mais jovens. 

MARUJADA
Trata-se de um auto dramatizado, onde predomina o canto sobre a dança. Há uma origem comum entre a Marujada de Bragança e a Irmandade de São Benedito. Quando os senhores brancos atenderam ao pedido de seus escravos para a organização de uma Irmandade, foi realizada a primeira festa em louvor a São Benedito. Em sinal de reconhecimento, os negros foram dançar de casa em casa para agradecer a seus benfeitores.
A Marujada é constituída quase exclusivamente por mulheres, cabendo a estas a direção e a organização. Os homens são tocadores ou simplesmente acompanhantes. Não há número limitado de marujas, nem tão poucos há papéis a desempenhar. Nem uma só palavra é articulada, falada ou cantada como auto ou como argumentação. Não há dramatização de qualquer feito marítimo.
A Marujada de Bragança é estritamente caracterizada pela dança, cujo motivo musical único é o retumbão.
A organização e a disciplina são exercidas por uma "capitoa" e por uma "sub-capitoa". É a "capitoa" quem escolhe a sua substituta, nomeando a "sub-capitoa", que somente assumirá o bastão de direção por morte ou renúncia daquela.
As marujas usam blusa branca, toda pregueada e rendada. A saia, comprida e bem rodada, é vermelha ou branca com ramagens de uma dessas duas cores. À tiracolo levam uma fita azul ou vermelha, conforme ramagem ou o colorido da saia. Na cabeça usam um chapéu todo emplumado e cheio de fitas de várias cores. No pescoço usam um colar de contas ou cordão de ouro e medalhas.
A parte mais vistosa dessa indumentária é o chapéu. Os modernos são de carnaúba, palhinha ou mesmo de papelão, forrado na parte interna e externa. A aba tem papel prateado ou estanhado; na lateral o papel tem várias cores; e em torno, formando um ou mais cordões em semi-círculos, são colocadas alças de casquinhos dourados, prateados ou coloridos e espelhinhos quadrados ou redondos. No alto do chapéu são colocadas plumas e penas de aves de diversas cores, formando um largo penacho com mais ou menos cinqüenta centímetros de altura. Da aba, na parte posterior do chapéu, descem ao longo da costa da maruja, numerosas fitas multicores. O maior número ou argura das fitas, embora não indicando hierarquia, é reservado às mais antigas.
Os homens, músicos e acompanhantes, são dirigidos por um capitão. Eles se apresentam de calça e camisa branca ou de cor, chapéu de folha de carnaúba revestido de pano, sendo a aba virada de um dos lados.
Os instrumentos musicais são: tambor grande e pequeno, cuíca, pandeiros, rabeca, viola, cavaquinho e violino.
As marujas caminham ou dançam em duas filas. À frente de uma delas a "capitoa", e á frente da outra a "sub-capitoa", empunhando aquela um pequeno bastão de madeira, enfeitado de papel, tendo na extremidade superior uma flor. Atrás e ao centro, fechando as duas alas, vão os tocadores e os demais marujos.
Em fila, a dança é de passos curtos e ligeiros, em volteios rápidos, ora numa direção, ora noutra, inversamente. Assim elas caminham descrevendo graciosos movimentos, tendo os braços ligeiramente levantados para a frente à altura da cintura, como se tocassem castanholas. Dançando obedecem à música plangente do compasso marcado pelo tambor grande.
No dia 26 de dezembro, consagrado à São Benedito, há na casa do juiz da Marujada um almoço, do qual participam todas as marujas e pessoas especialmente convidadas. O jantar é oferecido pela juíza, na noite desse dia. A 1º de janeiro o juiz escolhido para a festa seguinte é o anfitrião do almoço desse dia. Durante o ágape é transmitido ao novo juiz da festa o bastão de prata com uma pequena imagem de São Benedito, que é o emblema do juiz, usado nos atos solenes da festividade.

O CAMALEÃO

Camaleão é uma dança folclórica típica do Amazonas, do sertão da Paraíba e da zona rural do Rio Grande do Norte. O nome da dança faz alusão ao animal que serviu de inspiração por seus movimentos, que, encenados, lembram os do lagarto, que é um réptil muito comum nas regiões Norte e Nordeste do país. Assim, foi no gesto de girar usando a cauda que as pessoas observaram o feito e o adaptaram para a dança.
A encenação acontece aos pares nos festejos de colheita, porém chegou aos centros urbanos pelas festas de São João, indicando o quão dinâmico é o folclore; afinal, consegue transformar-se no tempo e no espaço, incorporando novos elementos e evoluindo com a sociedade.
Além disso, possui semelhanças com os fandangos sulistas, já que suas vestimentas são constituídas de trajes tipicamente europeus da época do império, como o uso, pelos homens, de fraque de abas, colete, culotes, meias brancas longas, sapato afivelado e gravata pomposa. Já as mulheres trajam saias longas, blusas soltas, meias brancas e sapatos afivelados.
Quanto ao conjunto musical, este é formado por viola, cavaquinho, rabeca, violão, e a coreografia acontece aos pares soltos por sete diferentes passos chamados de jornadas. Assim, os casais em fileiras realizam passos laterais de deslize, vênias entre os pares, palmas na mão do parceiro, troca de lugares, sapateados rítmicos, requebros, palmeados das mulheres e dos homens entre si, ao compasso da música e terminando com o passo inicial.
Por ser considerada uma dança folclórica, o Camaleão é uma expressão popular, sendo que, no Brasil, existem grandes manifestações da dança, repassadas pelos povos de geração a geração, até os dias atuais. Pode também ser encenada por grupos denominados parafolclóricos.
Estes grupos que apresentam folguedos e danças folclóricas, não sendo eles portadores das tradições representadas, organizam-se formalmente e aprendem as danças através de estudo regular e podem assim apresentá-las em vários espaços.

CARIMBÓ

Carimbó  é uma sonoridade de procedência indígena, aos poucos mesclada à cultura africana, com a assimilação das percussões dos negros; e a elementos de Portugal, como o estalar dos dedos e as palmas, que intervêm em alguns momentos da coreografia. Originalmente, em tupi, esta expressão significa tambor, ou seja, curimbó, como inicialmente era conhecido este ritmo. Gradualmente o termo foi evoluindo para carimbó.
Esta dança teve sua origem no território de Belém, mais precisamente na área do Salgado, composta por Marapanim, Curuçá e Algodoal; e também se disseminou pela Ilha de Marajó, onde era cultivada pelos pescadores. Acredita-se que o Carimbó navegou pela baía de Guajará, pelas mãos dos marajoaras, desembarcando nas areias do Pará, justamente nas praias do Salgado. Não se sabe exatamente em que ponto desta região ele tomou forma e se consolidou, embora Marapanim clame pela paternidade desta coreografia, editando anualmente o famoso Festival de Carimbó de Marapanim.
De qualquer forma, esta cadência evoluiu para um formato mais moderno, inspirando decisivamente o nascimento da lambada e do zouk. Tradicionalmente este estilo musical era executado em tambores. Os tocadores golpeavam este instrumento, manufaturado com troncos de árvores, utilizando as mãos no lugar de pequenas varas. Eles eram secundados por reco-reco, viola, ganzá, banjo, maracás e flauta. Juntos, eles conferiam ao carimbó uma musicalidade original e voluptuosa.
Nas décadas de 60 e 70 guitarras elétricas foram acrescentadas aos tradicionais instrumentos, e a dança passou a receber forte inspiração de ritmos como o merengue e a cúmbia. Ao se disseminar pela região Nordeste do país, ela impulsionou o surgimento da lambada, que se difundiria por todo o Planeta.
Nas apresentações do carimbó os homens vestem blusas lisas ou mesmo estampadas, acompanhadas de calças sem estampas; eles não esquecem do lenço adornando o pescoço, do chapéu de arumã, e os pés ficam nus. As mulheres, por sua vez, trajam blusas que liberam os ombros e a barriga, para que fiquem visíveis, usam inúmeros colares e pulseiras confeccionadas com sementes que florescem na região paraense, sobre saias amplas ou franzidas, repletas de cores e estampas. Arranjos florais são dispostos sobre as cabeças, e elas igualmente dispensam sapatos.
A coreografia principia com os casais posicionados em filas, e então o homem acerca-se de sua companheira batendo palmas, sinal para que ela se considere convidada para dançar. Elas cedem e dão início a um volteio circular, constituindo simultaneamente um amplo círculo, movendo as saias, com a intenção de arrojá-las sobre a cabeça de seu parceiro.
A dança segue com uma das bailarinas lançando ao solo um lenço; seu companheiro, dobrado para frente e com os braços jogados para trás, simulando asas, abrem as pernas e se esforçam para apanhar o acessório com a boca, sem sair do ritmo. Enquanto isso a moça apanha a saia com as mãos, agita-a, como se ela fosse um peru, e todos cantam um trecho da música referente a este gesto: O Peru está na roda chô Peru. Tudo corre como se obedecesse, portanto, a um ritual pré-estabelecido, já memorizado por todos.

MARAMBIRÉ 
Dança africana que surgiu após a libertação dos escravos segundo pesquisas ela teria evoluído dos cantos de cangadas e insulados na área do Baixo Amazonas que se pontificou em Alter-do-Chão distrito de Santarém.  O Marambiré dançado em Alter-do-Chão não representa uma dança tipicamente religiosa e sim uma mistura de elementos religiosos e profanos.
A dança do Marambiré constitui-se numa simples marcha. 
A coreografia é meio complicada, o ritmo é alegre e excitante. Dança de pares com ritmo bem marcado, apresentada na festividade do Sairé(ou Çairé).
Pela tradição dos tocadores do Marambiré não executam a dança apenas, acompanham o movimento dos brincantes com música de marcação bem definida. Originalmente sua música surgiu apenas instrumentada, sem letra.
A música era tocada em compasso 2/4 e parece revelar uma influência Afro – Indígena. Sua letra foi escrita posteriormente, por volta de 1973 quando da reativação da festividade do “Sairé”, por um clube de mães com ajuda de um musico, letra essa que versa sobre as belezas locais.
Para o acompanhamento musical, são utilizados instrumentos de pau, de corda e de sopro como: Curimbós, maracás, ganzáz, banjos, cacetes e flautas.
INDUMENTÁRIA
A mulher usa vestido estampado, justo na cintura e altura dos joelhos, com blusa de gola quadrada na frente e atrás, manga de três folhos bufantes e soltas com enfeites de renda na ponta dos folhos, saias também com três folhos e renda na ponta, arranjo de flores na cabeça e sapato social preto. O homem veste calça comprida preta ou branca, camisa da mesma estampa do vestido da dama, gola e mangas compridas com três folhos na ponta da manga, sapato social preto. 
  

Fonte: Portal do Professor.


7 comentários: